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O email misterioso
📩O email que não chegava a mais de 900km

⏰Tempo de leitura: 5 minutos
Era meados dos anos 90 quando Trey Harris, responsável pelo sistema de e-mails da Universidade da Carolina do Norte (EUA), recebeu uma ligação inesperada do departamento de estatística.
“Nós não conseguimos mandar e-mails para mais de 800 km”, relatou o chefe do departamento.
Trey consultou o calendário. Não era primeiro de abril.
“Você poderia repetir?”, perguntou Trey, tentando confirmar que não era uma piada.
"Não conseguimos enviar e-mails para mais de 800 km daqui", repetiu o chefe do departamento. "Na verdade, um pouco mais, uns 900 km. Mas não passa disso."
Trey se segurou para não rir enquanto tentava explicar que e-mails não funcionam assim. Em teoria, duas pessoas com internet podem se comunicar independentemente de onde estejam no mundo.
Antes que Trey pudesse terminar sua explicação, o chefe do departamento continuou:
“Nós não sabíamos o que estava acontecendo, então começamos a analisar os dados. Foi aí que chamamos uma de nossas geoestatísticas para dar uma olhada...”
“Geoestatísticas(!?)”, Trey estava perplexo.
“Sim, ela produziu um mapa de todos os e-mails que enviamos. Nele, notamos que se o destinatário estivesse dentro de uma distância de 900 km, ele receberia o e-mail.”
Continuou o chefe do departamento:
“Mas se fosse uma distância maior, o e-mail não chegava.”
“Okay, vou dar uma olhada e te ligo!”, disse Trey, ainda incerto sobre o que poderia estar acontecendo.
De qualquer forma, Trey encerrou a ligação e começou a trabalhar no problema.
Primeiro passo, mandou um e-mail a si mesmo. O e-mail chegou normalmente.
Então mandou outro para Richmond, a 250 km da universidade. E-mail recebido.
Outro para Princeton (340 km). Sem problemas.
Washington (425 km), Atlanta (620 km) e Nova Iorque (798 km) foram os próximos destinos: todos enviados com sucesso.
Mas aí veio a surpresa: um e-mail para Memphis, a 1200 km, falhou. Outro para Providence, a cerca de 1000 km, a mesma coisa!
Pronto para começar a chorar e se questionando se tinha perdido a sanidade, Trey começou a tentar entender o que estava acontecendo.
Confirmando que o problema relatado pelo chefe do departamento era replicável, Trey abriu o arquivo sendmail.cf, um script responsável pelo envio correto de e-mails.
Acontece que, devido a um problema de atualização do sistema, o arquivo estava sendo lido como uma versão que não era completamente compatível.
A maioria das regras funcionava, mas algumas configurações não eram lidas corretamente.
Uma dessas configurações era o tempo de conexão entre dois servidores de e-mail, que estava configurado para 3 milissegundos (0,003 segundos).
E foi aí que Trey, com sua mente matemática, resolveu o problema!
Simplificando, mensagens pela internet são transmitidas através de ondas eletromagnéticas que viajam à velocidade da luz, aproximadamente 300.000 km/s.
Com o tempo de três milissegundos sendo tão pequeno, a velocidade da luz se tornava relevante na comunicação: esse curto intervalo limitava a distância que a conexão conseguia alcançar.

Com essa informação em mãos, Trey conseguiu resolver o problema. Hoje, as pessoas da universidade não teriam nenhuma dificuldade para compartilhar o The Weekly Math com seus amigos.
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SUGESTÕES DO NOSSO TIME
Confira a história completa do que é conhecido como "500-mile email story" de Trey Harris aqui. Trey também fez um FAQ com perguntas e respostas sobre o problema, que você pode ver aqui.
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Falando em velocidade de comunicação, esse artigo aqui discute como essa velocidade seria um dos principais problemas em uma missão a Marte.
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