Por que a terra é redonda (ou quase)?

Se você já acha a teoria da terra plana coisa de maluco, imagine pensar que ela está apoiada nas costas de uma tartaruga… apoiada nas costas de uma outra tartaruga… apoiada nas costas de uma outra tartaruga…

Citação de hoje.

“Existem cerca de 1011 estrelas na galáxia. Esse já foi considerado um número grande. Mas são apenas cem bilhões. É menos que a dívida interna! Antigamente, estes números eram chamados de números astronômicos. Agora, deveríamos chamá-los de números econômicos“

Richard P. Feynman, físico teórico americano e ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1965

Por que a terra é redonda (ou quase)?

Imagine-se no final do século XV, onde uma ideia audaciosa começa a fermentar na mente de Cristóvão Colombo. Uma ideia que desafiaria séculos de crenças estabelecidas: navegar para oeste em busca das Índias, partindo da Espanha. Para uma pessoa hoje segurando um globo terrestre, essa rota não parece tão absurda. A não ser que você considere uma terra não esférica, mas plana, onde cair da borda pode ser um risco.

Contrariando um equívoco comum, na época de Colombo, a maioria dos eruditos já aceitava a ideia de uma Terra esférica. A noção de uma Terra redonda não é uma invenção moderna. Filósofos gregos da antiguidade, como Aristóteles, já ponderavam sobre isso, observando fenômenos naturais como as sombras da Terra em eclipses lunares. Eratóstenes no século III a.C., já havia até calculado a circunferência da Terra com surpreendente precisão para a época.

O desafio de Colombo não residia em provar a forma da Terra, mas em sua audaciosa aposta: navegar para oeste como uma rota alternativa para as Índias: o que estava em jogo não era o medo de cair da borda da Terra, mas sim a incerteza sobre a distância da viagem e os perigos desconhecidos que poderiam encontrar.

Colombo, de fato, jamais alcançou as Índias pela rota que imaginou, não por causa de uma Terra plana, mas porque se deparou com um obstáculo inesperado - o continente americano. Esta descoberta inadvertida, marca a “descoberta” de um "novo mundo" para os europeus. Descoberta essa que permaneceu desconhecida para Colombo, que morreu acreditando ter de fato chegado à Ásia.

Hoje, uma Terra esférica é um fato científico que consideramos comum. Mas por que afinal de contas a Terra é esférica? A resposta a essa pergunta nos leva ao lendário Sir Isaac Newton.

Reza a lenda que, por volta de 1666, Isaac Newton estava relaxando sob uma árvore quando presenciou a queda de uma maçã. Esse evento aparentemente trivial o levou a questionar o porquê de as coisas caírem em direção ao solo. Imagine por um momento: por que os objetos não flutuam como um balão ou se movem em trajetórias aleatórias? Ao contrário, eles caem diretamente para baixo. Embora a história da maçã seja mais uma anedota do que um relato histórico, ela ilustra de forma vívida a curiosidade que levou Newton a formular sua Lei da Gravitação Universal.

Segundo essa lei, os objetos se atraem mutuamente com uma força que depende de suas massas e da distância entre eles. Essa força invisível é o que mantém os objetos ancorados à Terra. Por exemplo, a Terra, com sua grande massa, exerce uma atração suficiente sobre nós e outros objetos, impedindo que simplesmente flutuemos no ar. E por ser atraída pela massa da terra, a maçã “cai” em sua direção.

A mesma força gravitacional que explica a queda de uma maçã é responsável pela forma arredondada da Terra: a gravidade faz com que a matéria se atraia homogeneamente em todas as direções resultando em uma esfera. Ou uma quase esfera, já que a Terra é levemente abaulada no equador devido ao efeito centrífugo da sua rotação que repele a matéria nessa região, fenômeno que esse gif aqui explica muito melhor que qualquer palavra (rs’).

A explicação acima pode te levar a questionar por que a Terra, com toda a sua massa atraída para si mesma, não implode? A resposta está nos átomos, os blocos fundamentais do universo, que a compõem. Cada átomo é um microcosmo de forças elétricas: um núcleo com partículas chamadas prótons com carga positiva e nêutrons sem carga que é orbitada por pequenas partículas chamadas elétrons, com uma carga elétrica negativa.

No átomo, cargas elétricas de diferentes sinais, se atraem, enquanto cargas de sinais iguais se repelem. De um modo bem simplificado, as forças elétricas opostas fazem com que os átomos se atraiam entre si. Mas quanto mais próximos eles ficam entre eles, mais fortemente as forças elétricas devido aos sinais iguais começam a sobrepor as forças dos sinais contrários. Pense por exemplo que o núcleo de dois átomos, criam uma força de repulsão entre eles que é mais forte quanto mais próximos eles estão entre si.

Assim, a terra é redonda por conta de sua força gravitacional, “ovalada” no equador devido ao sua rotação, e não implode devido às interações atômicas de repulsão criadas quando os átomos ficam muito próximos uns dos outros.

Sugestão de leitura.

Física em 12 lições, Richard P. Feynman

A indicação de hoje vai para o livro 'Física em 12 Lições' de Richard Feynman - sim, o mesmo da citação! O livro é uma aventura pelo mundo fascinante da física, apresentada de forma surpreendentemente acessível. 

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